Death Note (Netflix 2017) | Review

Desde o seu anúncio e dos trailers, muitos fãs ficaram com medo do que poderia vir com essa adaptação “ocidental” de Death Note, com o receio de não respeitarem a obra original como ela deveria. Eu mesmo nunca fui um fã de Death Note, não conhecia praticamente nada da história ou os personagens, mas mesmo assim fui assistir ao filme da Netflix, e não é que os fãs estavam certos?

A Netflix nos entregou um filme completamente genérico, esquecível e com ação pouco empolgante. Os primeiros minutos do filme não se preocupam em nos apresentar os personagens e a história até o Light (Nat Wolff) receber o caderno da morte, mas já nos joga logo de cara esse caderno caindo no céu, de forma aparentemente aleatória perto do Light (até nesse parte, nem o nome dele eu sabia). 

Porque eu me importaria do Light ter recebido esse caderno sendo que eu nem sei quem ele é?
Quando Light está na detenção, ele se encontra pela primeira vez com Ryuk. Podemos ter diferentes pontos de vista quanto à reação do Light ao vê-lo, mas eu quero comentar sobre o valentão que o Light olha pela janela. Ele já tinha aparecido uma vez antes, insultando e agredindo Light. Quando seu nome foi escrito no caderno, o seu destino já estava selado. Ai que está. Eles poderiam escolher uma forma mais convincente ou um objeto mais credível para justificar a morte do jovem, e não apelar para algo gor.

A segunda morte também foi extremamente forçada. Não pela forma que o homem morreu, mas sim pelo garçom. O diretor poderia ter feito esse garçom tropeçar no próprio pé, no tapete, no pé da cadeira ou até numa criança brincando no chão, mas não, ele escorrega em um saleiro de vidro, e como um passe de mágica o saleiro não quebra.

Mia (Margaret Qualley) é uma garota bonita, líder de torcida. E para impressioná-la, Light mostra o caderno e demonstra os seus poderes matando uma pessoa. Independentemente dessa pessoa ser um bandido, matar alguém só para mostrar para a "garota dos sonhos" como o seu caderno é poderoso incomoda muito, principalmente quando o filme não se importa em explorar o lado moral e ético de alguém ter o poder de matar as pessoas ao seu querer.

Com o decorrer do filme, Mia e Light se apaixonam, e essa paixão faz com que eles se unam para matar bandidos ao redor do mundo. Tirando o fato de o roteiro ter atropelado tudo para que o casal ficasse logo junto, também chama a atenção o fato deles matarem as pessoas e nem ao menos se importar com as consequências. Eles deixam claro que não sentem culpa das mortes por se tratar de pessoas más, mas será possível que em nenhum momento eles pensaram que algum anônimo poderia investigar e, de alguma forma, descobrir o verdadeiro autor das mortes? Eles mataram, mas em nenhum momento eles aparentam pensar que poderiam morrer também. Parecem duas crianças brincando com uma arma.

Pra não dizer que não gostei de nada no filme, o Willem Dafoe como Ryuk me surpreendeu positivamente. Gostei bastante do design do personagem, apesar da leve diferença com o original japonês. É um personagem que impõe medo e temor, mas que sofre muito com um roteiro fraco. Apesar de ter gostado desse Ryuk, ele por si só não salva um filme completamente perdido. Os personagens são fracos e sem profundidade, não consigo me lembrar de um único momento em que me importei por algum deles, nem mesmo com a morte do Watari. O terceiro ato poderia ter sido melhor se o filme fosse mais consistente. Um final emocionante e memorável se tornou em um show barato de ação.

A trilha sonora é boa, mas é colocada de qualquer jeito no meio do filme. Ela não tem propósito nenhum. Normalmente as músicas tem um propósito especial num filme. Elas trazem emoção e fazem com que o público possa imergir ainda mais na história, como por exemplo acontece com Guardiões da Galáxia. E em Death Note isso não acontece. Por exemplo, tem uma cena no baile do colégio onde Light está olhando pra sua peguete ao som de "Take my Breath Away", da banda Berlin. Se você ver e analisar essa cena, vai notar como isso foi aleatório.

O filme então encerra dando indícios de uma possível continuação. Se o segundo filme de Death Note for pelo menos 10% do que foi o anterior, a Netflix poderia colocar a mão na consciência e lembrar que dinheiro não cai do céu. Mas com toda essa receptividade negativa, eu duvido que eles queiram mesmo trabalhar em uma continuação.

É uma pena. Os fãs de Death Note mereciam uma adaptação mais digna. Talvez a melhor coisa a se fazer por agora é tentar esquecer esse filme. Tentar.

NOTA: 1/10

Atômica (Atomic Blonde 2017) | Review

Normalmente os filmes que envolvem tramas com espionagem chamam muito a atenção. A inteligência para decifrar um caso e a ação inconfundível são ótimos atrativos para o público. Então chega aos cinemas o filme Atômica (Atomic Blonde) com a mesma pegada desse gênero.

A história gira em torno da Lorraine (Charlize Theron), que vai até a Alemanha Ocidental no período da Guerra Fria, investigar sobre o assassinato de um oficial e sobre uma lista que contém nomes de agentes duplos. Não é necessário muito para saber que uma das melhores coisas desse filme é a própria Charlize Theron. Ela rouba a cena sempre que aparece em tela, principalmente nas sequências de ação. Todos os atores estão bem, apesar de alguns não terem muita profundidade. As atuações de James McAvoy e Sofia Boutella também merecem destaque.


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